sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nada a ver com amor

Os primeiros carros já estão
dando profundos roncos na minha porta
As conversas da última noite,
doentes com a falta de fundamentos,
ainda estão escritas no meu chão

E não parece justo
Que as suas palavras maléficas consigam me segurar
Não, não parece certo
Tomar informações
Dada a curta distância
Para a mordaça,
A atadura
E a munição

As conversas, que já tiveram um pouco de estima,
Se tornaram diálogos como o esboço de um jogo por sangue
Tirei umas férias, minha boca ficou limpa
Agora posso sentir o gosto de sua programação
Enquanto você rumina

E não faz sentido
Eu cair na arte de reinar de um rei desmerecido
Não, não parece certo
Tomar informações
Dada a curta distância
Para a mordaça,
A atadura
E a munição

Isso não tem nada a ver com amor
Pois não estou apaixonada
Na verdade eu não consigo parar de me "desapaixonar"
Isso não tem nada a ver com amor
Pois não estou apaixonada
Na verdade eu não consigo parar de me "desapaixonar"
Eu sinto falta daquela dor estúpida

"Qual é essa atitude que tenho que encarar?"
Foi o que ele disse quando eu me comportava
Mudou o nome do jogo quando ele perdeu
Ele sabia que estava errado mas era tarde demais
Mas não estou sendo justa
Pois escolhi ouvir aquela boca imunda
Mas eu gostaria de escolher o certo
Pegue todas as coisas que eu disse que ele roubou
Coloque-as num saco
Jogue-as sobre meu ombro
Viro a direção dos meus passos
Sair dessa visão
Tentar viver numa luz mais amável

terça-feira, 25 de maio de 2010

O choque do frio foi tão grande que rapidamente retirei os pés do chão.
O coração disparou um pouco, era só frio. Levantei e andei.
Dessa vez o corredor me pareceu tão mais comprido e haviam mais portas.
A cor das paredes e o jeito das portas eram outros. Não parecia a minha casa, mas eu me sentia lá.
O frio também tinha se modificado, só o sentia por debaixo da camisola.
Quando olhei para trás vi um espelho quebrado. Eu não sabia que no corredor de casa havia um espelho. Voltei e não tive a minha imagem refletida no espelho.
O coração disparou, era susto.
Quando estiquei os braços os pedaços do espelho se derreteram ao chão. Saltei para trás. Não tive medo.
Não posso dizer quanto tempo passei me olhando, de cima, pelas gotas de espelho caidas.
Havia uma porta nova, que surgiu depois derretimento. Senti as pontas dos dedos dos pés. Estavam roxas de frio. Abri a porta e entrei.
Que lugar era esse que eu não conhecia? Não sabia dos quadros na parede. Nem quem eram as pessoas pintadas neles.
Prendi os cabelos. Senti necessidade de me arrumar.
Tropecei, ao dar um passo pra frente, e caí. Ralei o queixo no chão.
Senti o áspero do tapete cortar a pele e se esfregar na carne macia do queixo.
Gritei um "ai" mudo. O coração disparou novamente. Não era dor.
Fiquei no chão. Virei de costas e estiquei os braços. Não reconheci as tatuagens. Eram maiores e mais coloridas. Tomavam ambos os braços. Gostei delas e sorri.
Dobrei os joelhos e me senti confortável alí. Abri as pernas e gostei do vento gelado que passava por entre elas chegando até o queixo. Fechei os olhos.
Abri os olhos e já estava em pé. Percebi que não estava deitada, mas encostada na parede. Desencostei, desconfiei e me encostei novamente. Fechei os olhos.
Abri os olhos e já estava deitava novamente. Vi que todos os pêlos do corpo estavam arrepiados. Furei o dedo ao toca-los. Pareciam agulhas. O coração disparou, era dor.
A gota de sangue manchou o branco da camisola. Fechei e abri os olhos. De pé, sai daquele lugar.
Parei no corredor. Vi que o sangramento havia parado, mas a mancha na camisola aumentava mais e mais até tomá-la por inteiro.
O coração disparou. E parou.